- Não, por quê?
- Porque o céu hoje me lembrou muito do céu que fazia quando eu treinava (hipismo), as nuvens cinzas e pesadas iam saindo devagar e abriam espaço pra algumas frestas de sol que iluminavam preguiçosamente a pista... E como eu sinto falta, de olhar pro céu e ver isso. E era apenas eu e o cavalo, sozinhos numa pista enorme, e eu sentia o macio das patas dele batendo no chão fofinho de areia e terra. Não levantava mais poeira pois a chuva já tinha baixado tudo e acalmado os batimentos das patas do meu cavalo no chão.
Eu, corajosamente levantava minha cabeça pra frente enquanto o vento cortava minha face e rachava minha boca, minhas pálpebras não queriam se abrir e meu nariz não tinha mais sensibilidade. Meu cavalo nem levantar a cabeça, queria mais. Seus olhos lutavam pra se abrir e o vento castigava toda sua crina marrom e brilhante. Minhas mãos estavam geladas e brancas segurando o pito, pra não cair, meus pés já haviam se conformado e continuavam bravamente me dando suporte na cela. Uma fumaça branca e gélida saia das narinas do meu cavalo e eu sentia cada vez mais dó dele, ele não tinha culpa de eu ser uma suicida diante do frio que estava fazendo.
continua...
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